sábado, 4 de junho de 2016

Coração de Jesus, Tabernáculo do Altíssimo

Cristo, porém, veio como sumo sacerdote dos bens vindouros. Ele atravessou uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não pertence a esta criação. Ele entrou uma vez por todas no Santuário, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o próprio sangue, obtendo uma redenção eterna. (Hb 9,11-12)
Meditação de São João Paulo II:
1. Na hora da oração do Angelus, com Maria - e por meio de seu Coração Imaculado - nos dirigimos ao Coração divino de seu Filho: 
Coração de Jesus, templo santo do Senhor. 
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo. 
Coração de um homem semelhante a tantos e tantos corações humanos e, ao mesmo tempo, Coração de Deus Filho. Se é verdade que todo homem "habita", de certa maneira, em seu coração, no Coração do Homem de Nazaré, de Jesus Cristo, habita Deus. O Coração de Jesus é o "templo de Deus". 
2. Deus Filho está unido ao Pai enquanto Verbo Eterno, "Deus de Deus, Luz da Luz... gerado, não criado". O Filho está unido ao Pai no Espírito Santo, que é o "sopro" do Pai e do Filho e, na Trindade divina, é a Pessoa Amor. O Coração do homem Jesus Cristo é pois, em sentido trinitário, "templo de Deus". Ele é o templo interior do Filho que está unido ao Pai no Espírito Santo pela unidade da divindade. Quão insondável permanece o mistério desse Coração, que é o "templo de Deus" e "tabernáculo do Altíssimo"! 
3. Ao mesmo tempo, ele é a verdadeira "morada de Deus entre os homens" (Ap 21,3), porque o Coração de Jesus, em seu templo interior, abraça todos os homens. Todos aí habitam, abraçados pelo eterno amor. A todos podem ser dirigidas - no Coração de Jesus - as palavras do Profeta: "Com um amor eterno eu te amei" (Jr 31,3). 
4. Que essa força do amor o que está no divino Coração de Jesus seja comunicada de maneira especial aos jovens que devem receber a Confirmação! Neles o Espírito Santo deve residir de modo particular. Que seus corações se tornem - a exemplo do Coração de Cristo - "templo santo do Senhor" e "tabernáculo do Altíssimo".Frequentemente ouço os jovens cantar "Sabeis que sois um templo?" Sim. Somos templos de Deus, e o Espírito de Deus reside em nós, segundo as palavras de São Paulo (1Cor 3,16). 

5. Por meio do Coração Imaculado de Maria permanecemos na aliança com o Coração de Jesus, que é "templo do Senhor", o mais esplêndido "tabernáculo do Altíssimo" e o mais perfeito.(Angelus, 9 de junho de 1985)

Escreve o Padre Paschoal Rangel:
No latim clássico, "tabernaculum" tem a ver com "taberna": uma pequena taverna. E taverna tem a ver com "tábula", mesa, lugar onde sentar-se, beber, papear. Um lugar de repouso, de diversão.No latim eclesiástico, prevaleceu o sentido bíblico, onde "tabernaculum" é, primitivamente, tenda, um abrigo de nômades, removível, provisório. Mais tarde, com Moisés, o tabernáculo começou a significar também a "morada provisória" de Deus no meio de seu povo, um lugar reservado e sacro, onde o profano não entrava e onde se guardava a Arca de Aliança com as Tábuas de Lei, em que estavam inscritas, gravadas "pela mão do Altíssimo", seus mandamentos e promessas: a aliança que Iahweh fizera com seu Povo.Foi nesse sentido que a palavra "tabernáculo" passou para o vocabulário cristão. Só que, no Novo Testamento, as figuras do Antigo adquirem um significado novo: as "sombras", ou seja, as imagens são substituídas pela realidade que elas figuravam (Gl 3,23-25). As coisas acontecidas e narradas em Israel eram alegorias (Gl 4,24; 1Cor 10,1-11), serviam de lição preparatória para o que iria acontecer com Cristo e os cristãos. 
O verdadeiro Tabernáculo, isto é, a morada por excelência do Deus Altíssimo, que não seria feito por mãos humanas, é o próprio Jesus. É através de seu corpo e de seu sangue que Jesus Cristo entra no santuário celeste, diz a Epístola aos Hebreus (9,11). Mas é também verdade que seu corpo é, por sua vez, o santuário onde Deus entra e habita (Cl 2,9). Por Ele, torna-se realidade mais profunda a palavra do salmista: "Quão amável é o vosso tabernáculo, Senhor!" (Sl 83,2). Como Cristo se identifica com sua Igreja, é dele também que diz o Apocalipse: "Eis o tabernáculo de Deus com os homens..." (Ap 21,3). E como o Antigo Testamento é figura do Novo, é ainda de Jesus que se fala no Levítico (26,11-12): "Porei o meu tabernáculo no meio de vós. (...) Serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo". Em Cristo, Deus vive e mora com a Igreja. 
No Coração de Jesus, mais que em qualquer tabernáculo de ouro ou de pedras preciosas, como numa tenda incorruptível e que o homem não poderia fabricar nunca (Hb 8,2), Deus se compraz em ficar. E é nele que encontraremos refúgio, nós também. (RANGEL, 1993)


Notas:

RANGEL, Paschoal. Sagrado Coração do Homem. Belo Horizonte: O Lutador, 1993.


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